sábado, 24 de setembro de 2011

Dry Bones




Mario parou na entrada da pequena construção de pedra, sem nenhuma grande preocupação. Não esperava encontrar naquele lugar nada diferente dos desafios pelos quais já passara... desafios estes que, modéstia a parte, não haviam sido poucos. Acomodou o boné vermelho na cabeça, passou os dedos pelo bigode – sistematicamente penteado em seis ondulações igualmente espaçadas, debaixo do avantajado nariz – e adentrou a fortaleza.
De fato, nada ali era novidade: um lugar escuro, cheio de buracos com lava e bolas de fogo. Perigoso, sim, mas o destemido encanador já passara por muitos lugares como aquele em outras aventuras e seria capaz de chegar até a saída com os olhos fechados... pelo menos, era o que pensava. Mal sabia o herói que uma criatura como nunca antes vira o aguardava não muito adiante dali.
Quando o viu pela primeira vez, a surpresa foi inevitável. Embora fosse muito parecido a um Koopa Troopa – inimigo com o qual já estava mais do que acostumado - , este novo ser tinha algo de diferente. Algo de aterrorizante. Era, também, uma tartaruga, mas seu corpo era completamente pálido. No lugar dos olhos, dois grandes buracos vazios. E vinha caminhando em sua direção. Podendo agora analisar a criatura mais de perto, percebeu que, no fim das contas, aquilo era sim um Koopa Troopa. Mas apenas o seu esqueleto. Ossos que, de alguma forma inexplicável, se mexiam como se ainda estivessem cheios de vida. Seria aquele ser morto-vivo algum Koopa Troopa que um dia cruzara – desafortunadamente – o caminho do encanador? E que agora era movido pela sede de vingança?
Mario se forçou a recobrar o raciocínio. Ora bolas, era apenas mais um inimigo. Se Koopa Troopas não resistiam ao poderoso impacto de seu pulo, o mesmo deveria valer para esta versão esquelética e visivelmente mais frágil da tartaruga. Com nova confiança, o encanador tomou impulso, saltou o mais alto que pôde, mirou o alvo sob seus pés e se jogou com toda força sobre o esqueleto. Como havia imaginado, a criatura não foi párea para a sola de seus sapatos somados à força da gravidade e ao peso de um corpo rechonchudo. Ossos se espalharam por todas as partes, um resultado com o qual Mario não estava acostumado ao pisotear seus inimigos, mas que era de se esperar. Tendo pondo um fim ao caminhar incessante daquelas patas esqueléticas, Mario se preparou para prosseguir seu caminho e atravessar a pequena porta que o levaria para partes mais profundas da fortaleza. Logo antes de girar a maçaneta, entretanto, ouviu um barulho. Um barulho baixo, mas curioso, como pequenos pedaços de madeira batendo uns nos outros. Pedaços de madeira ou... ossos. Virou lentamente a cabeça para o sentido oposto e o que viu fez arrepios percorrerem o seu corpo. Os ossos daquele esqueleto de Koopa Troopa, que haviam sido jogados para diferentes direções, agora estavam flutuando, se mexendo e se juntando novamente, recobrando mais uma vez a forma da criatura. Poucos segundos depois, lá estava ela, totalmente recuperada, caminhando outra vez, como se nada houvesse acontecido.
Mario percebeu que havia subestimado aquele esqueleto, mas não desistiria tão fácil. Seu pulo talvez não fosse o suficiente para pôr um fim definitivo àquele monte de ossos, mas tinha um segundo plano que com certeza não falharia. A apenas um salto de distância dali, um bloco com uma interrogação estampada flutuava no ar, simplesmente aguardando ser golpeado para revelar o item que carregava em seu interior. Pela sua experiência, Mario seria capaz de apostar que sabia qual item era este. Afastou-se temporariamente do inimigo insistente, se posicionou sob o bloco, pulou e o golpeou por baixo. O item que surgiu sobre o bloco era exatamente aquele que o encanador havia imaginado: uma flor. Uma flor amarela e vermelha, com um par de olhos no meio. Uma Flor de Fogo. Mario pulou outra vez e, ao apanhar a pequena planta, sentiu o poder imediatamente percorrer o seu corpo, ao mesmo tempo em que – por um motivo que ainda não entendia muito bem – a sua roupa mudava de cor. Já pegara muitas flores como esta em suas aventuras, mas a sensação de poder atirar fogo pela palma das mãos continuava ótima.
Mario voltou o olhar, mais uma vez, para o esqueleto de Koopa Troopa, uma bola de fogo já se formando na sua mão direita. Nem mesmo Bowser, o rei dos Koopas, havia sido capaz de resistir ao poder da Flor de Fogo (sim, muitas bolas de fogo haviam sido necessárias, mas o inimigo acabara sucumbindo... e o melhor é, com isso, Mario evitara a fadiga de ter que derrubar a ponte com o machado). Portanto, um mero Koopa Troopa – esqueleto ou não –seria instantaneamente destruído por uma das bolas de fogo. O encanador atirou a pequena esfera flamejante em direção do inimigo. Tão logo esta encostou no corpo esquelético da criatura, entretanto, o fogo se apagou. Outras tentativas surtiram o mesmo efeito. O esqueleto continuava caminhando, sem haver sofrido nenhum dano. Não haveria nada que pudesse derrotar aquele inimigo? Não haveria nada que pudesse matar o Dry Bones? Contemplando aquilo, apenas um pensamento passou pela cabeça de Mario: “... Mamma mia!”.

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